
(15 Fev. 2003)
Alguns afirmam, para justificar a sua complacência com a invasão da Ucrânia, que os europeus não se opuseram à invasão americana do Iraque.
Não é verdade que na Europa não houve uma forte oposição à Guerra do Iraque.
A Alemanha e a França condenaram a guerra. O discurso de Villepin (Ministro dos Negócios Estrangeiros Francês) no Conselho de Segurança, acessível no YouTube, ficou para a História.
Em Portugal, o Presidente Sampaio também condenou a guerra e impediu o envio de tropas portuguesas então desejada por Durão Barroso (Primeiro Ministro) e Paulo Portas ( Ministro da Defesa).
Nalgumas cidades de países que apoiaram a guerra, como Londres e Barcelona, milhões saíram à rua manifestando-se contra a invasão.
Derrida e Habermas escreveram uma carta expondo as razões da oposição da maioria dos europeus, como mostravam as sondagens, a uma guerra injusta e imperial. Para os dois filósofos a oposição à guerra do Iraque resultava da experiência história europeia-da tragédia do colonialismo e das guerras imperiais. O mesmo podemos dizer hoje no que diz respeito à oposição à política imperial de Putin.
A maioria dos Think Tanks europeus opuseram-se à guerra. Foi o caso do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI). No editorial que escrevi, na minha qualidade de diretor, defini a intervenção americana como “política de potência, num mundo sem ordem, em que o unilateralismo se torna a regra”.
A desinformação russa tem interesse em esconder a oposição na Europa à invasão americana para justificar a invasão da Ucrânia, mas uma mentira, mesmo quando repetida muitas vezes, não passa a ser uma verdade.