
O Brasil e a presidência de BidenFosse outro o governo brasileiro, a eleição de Joe Biden seria uma oportunidade de ouro para ampliar a presença internacional de nosso país.
O compromisso forte do democrata recém-eleito com a sustentabilidade, expresso na prometida volta ao Acordo de Paris e em seu avançado programa de recuperação econômica, certamente aumentará a importância e a efetividade dos diversos regimes internacionais criados para evitar a catástrofe ambiental que nos espreita.
País de renda média e escassos recursos de poder duro, o Brasil tem trunfos importantes que o qualificam para estar entre as nações que decidirão o futuro do planeta. De um lado, o país ostenta matriz energética menos dependente de combustíveis fosseis do que os Estados Unidos, a União Europeia ou a China: 82,6% de sua energia elétrica provem de fontes renováveis – hidrelétrica, eólica, solar e outras. Apenas a Noruega nos supera na utilização de fontes renováveis de produção deenergia elétrica.
De outra parte e mais importante, está em nossas fronteiras — e sob nossa responsabilidade — a maior parte da vasta floresta amazônica, cuja preservação é essencial à mitigação da mudança climática, à manutenção do sistema de águas doces na América do Sul, à defesa da biodiversidade planetária e da riqueza do patrimônio cultural da humanidade para a qual contribuem as populações originárias que ali habitam.
Assim o reforço das instituições multilaterais voltadas à sustentabilidade, com o retorno dos Estados Unidos, beneficiaria o protagonismo internacional do Brasil. Além do mais, o apoio externo, na forma de investimentos ou cooperação científica e técnica, poderia ser de grande valia para conter a predação ilegal da floresta e seus recursos por madeireiros, garimpeiros e a fatia mais atrasada do agronegócio da soja e do gado. Ele seria também crucial para o desenvolvimento da bioeconomia na região amazônica e para impulsionar o país na direção de se tornar senão uma potência verde, pelo menos uma nação com grande projeção nesta frente.
Mas, o presidente da República é Jair Bolsonaro que destruiu a política ambiental brasileira, protege os desmatadores ilegais e pôs a pique a respeitável política externa brasileira, fazendo do país um pária internacional. Até 2022, o melhor que pode acontecer é que alguma pressão diplomática americana e europeia ajude as forças democráticas do país a conter estrago maior.
Maria Hermínia Tavares de Almeida, Cientista política.
Veja a intervenção no debate promovido pelo Forum Demos: