
“Pergunta Álvaro Vasconcelos de que forma pode o “momento Biden” ser aproveitado na Europa e em Portugal, que sinal é que ele nos envia. Para ser sincero, tenho algumas dúvidas sobre quão progressista será este “momento” ou sobre quais as reais hipóteses de sucesso da agenda Biden no seio de uma América profundamente dividida e possivelmente bloqueada no Senado. Contudo, pelo menos uma coisa o “momento Biden” significa, que é a derrota do “momento Trump” (ainda que não necessariamente, e infelizmente, do Trumpismo) e isso tem de ser celebrado. Penso que o sinal é claro: o populismo de direita pode e deve ser travado. E é claro que isso deve ser feito antes que cheguem ao poder e, com isso, vão paulatinamente destruindo os princípios do estado de direito. Sendo assim, e por mais improvável que este voto possa ser, parece-me que uma forma adequada de a Presidência portuguesa da União Europeia aproveitar este “momento” seria o de continuar a pugnar, e de forma mais veemente do que no passado, para que os Estados-membros não possam colocar em causa os princípios do Estado de direito. A condicionalidade da atribuição dos fundos Europeus ao respeito por estes princípios é talvez um começo mas, como sempre, a fórmula de compromisso a que se chegou é demasiado edulcorada. Ora, respeitar a democracia e o estado de direito, e restaurar alguma possível pretensão de legitimidade moral que a UE possa ter, passa por não admitir no seu seio quem paulatinamente os destrói. Hoje isso acontece a Leste, amanhã, quem sabe onde poderá acontecer. Mas se Trump já passou, também os outros passarão.”