Renato Janine Ribeiro – Professor Titular, Ética e Filosofia Política, Universidade de São Paulo
“O governo de Bolsonaro conseguiu colocar contra si tudo o que é instituição e toda a sociedade” assim se iniciou a participação de Renato Janine Ribeiro, no debate “Política(s) em tempo de pandemia”. Neste momento, cresce na opinião pública a ideia segundo a qual Bolsonaro não é/está mentalmente capaz de ser o Presidente da República Brasileira. Apenas o Governador de Minas Gerais não assinou a carta dos governadores dos estados brasileiros em que manifestavam oposição a Bolsonaro. O apoio ao Presidente cinge-se a uma “massa amorfa,” mas “intensa nas redes sociais”. Trata-se de pessoas que, ao longo dos últimos anos, desenvolveram um ódio à política e que admiram em Bolsonaro o facto de, supostamente, este ser imune ao mal da corrupção. Também uma certa parte do empresariado brasileiro apoia a recusa do chefe de estado em seguir as recomendações da OMS. Enquanto Itália tem 3,4 camas hospitalares por mil habitantes, o Brasil tem 2 facto que torna a situação extremamente perigosa. O apoio a Bolsonaro está a diminuir mas mantém-se fervoroso em certos grupos, principalmente nos sectores evangélicos. A posição dos militares, diante deste caos, é ainda uma incógnita.
Marcela Uchôa – DOUTORANDA EM FILOSOFIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, INVESTIGADORA NO INSTITUTO DE ESTUDOS FILOSÓFICOS – IEF – UC
Segundo Marcela Uchôa, esta crise está a evidenciar as “artimanhas” do neoliberalismo e a forma como este “sacrifica a vida das pessoas em prol da economia”. O facto de, supostamente, um milhão de euros ter sido gasto em publicidade, apelando ao desrespeito pelas recomendações da OMS, revela a fragilidade das instituições democráticas brasileiras. Em plena crise, a tentativa por parte do governo de Bolsonaro em acabar com a “renda básica” não pode ser chamado senão de uma ignomínia.