Imagem do “Muro das Mulheres”de Kerala, Índia.
No início do ano é costume fazer-se o balanço do ano que passou. Fácil é constatar que 2018 foi um ano verdadeiramente mau para a democracia e a paz no Mundo. Mau para a democracia, com a vitória eleitoral do neo-fascista Bolsonaro no Brasil, a chegada da extrema direita-nacionalista ao poder em Itália e o aumento da sua influência em outros países europeus como na Alemanha e em França. Todavia,como sinal de esperança, há que salientar a vitória de uma nova geração de democratas progressistas, nas eleições para a Câmara dos Representantes, que é agora maioritariamente democrata e presidida por Nancy Pelosi. Mau para a paz, com a continuação das guerras no Médio Oriente contra as populações civis nomeadamente no Yemen e na Síria. O bombardeamento da população de Goutha pelas forças do regimens de Assad apoiadas pela Rússia marcou tragicamente o início de 2018.
2018 confirmou que vivemos num mundo sem ordem, em que o líder da maior potência mundial tudo faz para destruir o sistema multilateral de que os Estados Unidos foram o grande impulsionador. Irá 2019 confirmar a tendência para o refluxo da democracia e do multilateralismo? Talvez não, se se cumprirem alguns dos meus 10 desejos para 2019.
1.Que os democratas americanos sejam capazes de encontrar um candidato progressista credível, defensor de uma ordem multilateral eficaz e inclusiva, capaz de impedir a reeleição, em 2020, de Trump;
2. Que, no Brasil, os defensores da Liberdade, dos Direitos Humanos e do Ambiente, independentemente das suas opções ideológicas, se unam para impedir a destruição, pelo governo do Presidente neo-fascista Bolsonaro, da democracia brasileira e das conquistas sociais das últimas 4 décadas;
3. Que a União Europeia seja capaz de iniciar um processo ambicioso de reformas para se tornar mais democrática, socialmente justa e hospitaleira, capaz assim de travar o avanço da extrema-direita nos seus Estados Membros e de garantir a sua derrota nas eleições europeias que terão lugar de 23 a 26 de Maio;
4. Que o movimento de afirmação dos direitos das mulheres, marcado, em 2018, pela greve das mulheres em Espanha e, já em 2019, pelo “Muro das Mulheres”, em Kerala, na Índia, para garantir a aplicação do seu direito de acesso aos templos Hindus, continue a crescer;
5. Que o Partido do Povo Indiano (BJP), de Narendra Modi, que tem imposto uma agenda nacionalista identitária, perca as eleições gerais (que deverão ter lugar em Abril ou Maio de 2019);
6. Que a União Europeia, juntamente com os seus vizinhos do Sul do Mediterrâneo, aplique as recomendações do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular e ponha fim à tragédia dos que ainda veem na Europa uma esperança de futuro e morrem afogados no mar comum(2262 mortes em 2018);
7. Que a extrema-direita israelita de Netanyahu perca as eleições legislativas de 9 de Abril e que delas saia um governo capaz de negociar com os palestinos o fim do regímen de apartheid de que são vitimas;
8. Que a resolução do Parlamento Europeu de 15 de Março de 2018, para a criação de um tribunal para julgar os crimes de guerra cometidos na Síria se concretize e que Assad seja obrigado a anunciar eleições realmente livres, sob controlo internacional e que os sonhos de liberdade dos Sírios renasçam das ruínas da guerra;
9. Que a comunidade internacional exerça a pressão necessária, sobre a ditadura militar no Egito, para a libertação dos mais de 40 000 prisioneiros políticos;
10. Que as redes sociais, como Facebook ou Twitter, sejam responsabilizas pela publicação de notícias falsas e do discurso de ódio.